Inteligência Artificial: memória e intimidade no futuro

Uma mulher de 70 anos, Aurora (Denise Weinberg) e sua mãe centenária, Julia (Mirian Mehler) entram em um dilema sobre o sentido de viver e morrer. A filha decide então recorrer aos serviços de Eternização, uma nova tecnologia que permite armazenar memórias e identidade, oferecidas pelas grandes corporações, para serem futuramente implantadas em corpos artificiais (dróides), em fase de testes. Esse é o tema do curta-metragem “Aurora, 2068”, obra de narrativa distópica e especulativa de Javier Contreras e Gustavo Brandão, santistas. O curta “Aurora, 2068″ foi eleito o melhor filme da Mostra de Ficção Científica do 15º Cinefantasy, por abordar novos modos de subjetivação e de experiência, reconfigurando esteticamente a memória como possibilidade de transcendência. O filme também apresenta uma visão intimista da ficção científica que aproveita o gênero como modo de leitura da vivência cotidiana”. Denise Weinberg confere potência e verossimilhança à personagem principal, que encarna diversos conflitos contemporâneaos sobre a existência humana e a dificuldade de aceitação da finitude. A “Sociedade da Longevidade” é tema recorrente de pesquisas e ensaios, diante da perspectiva de estender a vida artificialmente para além da morte. Julia, a mãe de Aurora, personifica esses novos tempos, em que uma anciã aparenta não mais de 70 anos, vivida em toda a sua vulnerabilidade e doçura pela experiente Mirian Mehler. Aurora conta com a participação do galã global Sérgio Guizé interpretando Sir, personagem recriado por inteligência artificial, e interlocutor de Aurora em suas reflexões sobre a perpetuação da espécie pela tecnologia, e de Tatí de Tatiana, atriz e pesquisadora, que pode ser vista em diversas produções como Manhãs de SEtebmro (série da Amazon) e que interpreta a cientista à frente da nova tendência.

O curta “Aurora, 2068” foi contemplado através do Edital Aldir Blanc e teve apoio do Instituto Principia. A partir daí o filme já foi selecionado para os festivais O Anjo Exterminador – IV Festival Internacional de Cinema Fantástico de BrasíliaCine Diamante – Festival de Cinema de Diamantina e no festival on line Cine Caos 8, e estreou na Europa, em Barcelona, no Festival La Gran Pantalla.

O próximo projeto de Brandão e Contreras vai ser o longa-metragem baseado no curta, além da produção de uma HQ. Ambos se conheceram quando estudantes em Cubatão, terra do autor do romance Zanzalá e O Reino do Céu (1949), Afonso Schmidt, fundamental na história da literatura brasileira de ficção científica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *