Especial Roni Filgueiras
Em 2011, o cineasta e diretor de fotografia suíço Tim Fehlbaum lançou seu primeiro-longa, Inferno, sobre um mundo distópico e pós-apocalítico. O batismo teve como padrinho o produtor Roland Emmerich (O Dia Depois de Amanhã, O Patriota, Godzilla, Independence Day, Soldado Universal), o mais bem-sucedido cineasta europeu do gênero fantástico.
Em September 5, Fehlbaum está em seu elemento natural: a violência, o terror, o suspense. E aproveita para fazer uma nova investigação por meio de um fato histórico: discutir a deontologia jornalística. Mas não só. O filme recorta o famoso e ousado sequestro da delegação de 11 atletas israelense pelo grupo guerrilheiro palestino Setembro Negro, durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. A cobertura inédita e ao vivo de um sequestro feita pela equipe de Esportes da rede americana ABC discute inclusive como deveria se referir ao grupo armado: a imprensa alemã e em seguida a internacional rebatizam, não por acaso, o Setembro Negro como terrorista.
Com atuações protocolares do bom elenco (Peter Sarsgaard, John Magaro, Leonie Benesch, Ben Chaplin), o roteiro enfileira cronologicamente os acontecimentos, sem contextualização histórica ou política, em que a fotografia mimetiza a imagem granulada da tevê dos anos 70. Dispensável. O passado revisitado por Fehlbaum parecia o prenúncio (ou seria apenas o desencadeamento previsível?) de uma pulsão de vingança fatricida. Ou seria, no mundo da realidade, um projeto territorial expansionista, inspirado pelo antigo algoz nazista, e denominado Lebensraum (espaço vital)? Quem sabe, as duas coisas?
Às vezes, para seguir adiante, verdugo e vítima precisam simplesmente esquecer.