Os artigos reunidos neste terceiro volume da Coleção Temas foram apresentados no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação de 2021 da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). A seleção levou em conta os principais eixos de discussão do encontro, em que as apresentações giram em torno de sessões temáticas, e busca estabelecer diálogo entre os artigos que discutiram a questão do cinema de gênero no Brasil, que vem crescendo, e que foi a tônica dos debates de duas sessões naquele ano.

No processo de edição dos textos, o principal objetivo era o de tornar essas discussões mais acessíveis não apenas para pesquisadores que atuam na academia, mas também para alunos que estão ainda se graduando ou que se iniciam nas atividades de pesquisa científica. E como bônus, compor um painel sobre o estado da arte dos estudos sobre gêneros ficcionais no cinema, e, sobretudo, no Cinema Brasileiro, onde o assunto sempre foi tabu.

Por muito tempo esse distanciamento foi atribuído ao Cinema Novo, em que pese a admiração de Glauber Rocha pelo Western, o grande épico da sociedade estadunidense, e se materializava em discussões acaloradas que opunham o cinema de gênero ao cinema de autor. Em artigo sobre a questão do gênero no cinema brasileiro (Revista da USP, Vol. 19, 1993), José Mário Ortiz Ramos defendia a discussão de gêneros ficcionais nacionais como forma de abrir caminhos para compreender as novas configurações econômicas e ideológicas que se colocam a partir da década de 1990 e impactam a produção nacional. O lançamento de Cidade de Deus (2003) foi assombrado pela polêmica entre a classificação do filme como crítica social ou gangster film, categoria em que a obra foi inserida no circuito internacional, ao lado de Gangues de Nova Iorque (2002) de Martin Scorcese, dividindo a crítica especializada.

Gêneros e subgêneros consagrados como Ficção Científica, o Horror e o Suspense são abordados aqui sem esse filtro, e espelham sua identidade local, sem perder de vista a sua relação com esse imaginário mundial, estabelecido pelo próprio cinema desde a era silenciosa, e redescobrem o País e a cinematografia nacional.

 

Sobre os autores

 

Alfredo Suppia

Alfredo Suppia é pesquisador e professor de cinema e audiovisual na Universidade Estadual de Campinas. Autor do livro Atmosfera Rarefeita: A Ficção Científica no Cinema Brasileiro (São Paulo: Devir, 2013), co-editou com Ewa Mazierska a coletânea de ensaios Red Alert: Marxist Approaches to Science Fiction Cinema (Detroit: Wayne State University Press, 2016).

André Guerra

Formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco. Repórter de cultura no Diario de Pernambuco. Atua como crítico de cinema para sites de entretenimento como Host Geek e Estação Nerd.

Bernardo Demaria Ignácio Brum

Mestrando em Comunicação pela UERJ. Formado jornalista no Centro Universitário Carioca, já trabalhou em agências de publicidade e canais de Youtube, bem como foi redator do portal de cinema Cineplayers por 10 anos. Publicou em 2017 a novela de suspense e horror O Exército das Sombras.

Carolina de Oliveira Silva

Doutoranda do programa de pós-graduação em Multimeios da Unicamp, mestre em Comunicação Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi, especialista em História da Arte pela Faculdade Paulista de Artes e bacharel em Rádio e TV pela Universidade Anhembi Morumbi. É professora da área de Comunicação e Artes, crítica de cinema e faz parte da equipe editorial da Zanzalá – Revista Brasileira de Estudos sobre Gêneros Cinematográficos e Audiovisuais.

Fernando de Barros Honda Xavier

Mestrando bolsista PROSUP-CAPES do programa de pós-graduação em comunicação e linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba. Graduado em fotografia pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB). Atualmente, pesquisador da narração e os seus sistemas no audiovisual, com enfoque na noção de espectador ideal em David Bordwell e Nöel Carroll.

Filipe Falcão

Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor da Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco. Pesquisador de pós-doutorado pela UFPE. Membro do Laboratório de Análise de Imagem e Som (LAPIS), grupo de pesquisa CNPq, vinculado ao PPGCOM da UFPE. Membro do grupo de pesquisa Mídia e Cultura Contemporânea, da UNICAP. Autor dos livros “A aceleração do medo: o fluxo narrativo dos remakes de filmes de horror do século XXI” e “Fronteiras do medo: quando Hollywood refilma o horror japonês”, além de textos publicados revistas acadêmicas e capítulos de livros. Colunista da CBN Recife.

Luís Enrique Cazani Júnior

Doutor, Mestre e Graduado em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC/Unesp). Especialista em Marketing pela Universidade Paulista. Foi bolsista de mestrado e de doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Luís Fellipe dos Santos

Graduado em Letras (Português e Literaturas de Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é aluno de Mestrado em Comunicação Social do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sendo bolsista CAPES. É autor dos livros Faces e Fases (Editora Multifoco, 2012), Cheiro quente de café (Editora Multifoco, 2013), O ser que espera (Editora Multifoco, 2014), Duas horas e meia (Editora Multifoco, 2019) e O que você deixou quando partiu sem me dizer (Editora Letramento, 2021)