A arte ligeira de Neo Sora em Happyend

Especia por Roni Filgueiras

O nova-iorquino Neo Sora é filho do músico, produtor e ator japonês Ryuichi Sakamoto, morto em 2023. Aos 33 anos, pode-se dizer que faz parte da geração nepo baby, filhos de artistas de destaque. Neo dá para a coisa e mostra que absorveu também a influência da Filosofia, curso superior que fez juntamente com Estudos Cinematográficos, na Universidade Wesleyana.

Este seu segundo filme parte de um dos mais famosos temas da Filosofia Política, que ganhou relevância entre os pensadores contratualistas, que advogam a ideia do surgimento do Estado a partir de acordos ou contratos sociais, como Thomas Hobbes e John Locke: os governados cedem sua liberdade ao Estado em troca de segurança.

Sora atualiza sua discussão em Happyend – Liberdade em Vigilância (Japão, 2024), em uma escola secundária de Tóquio, convulsionada pelos embates entre a rebeldia juvenil, como os protagonistas Kou (Yukito Hidaka), filho de imigrantes, e Yuta (Hayato Kurihara) e seus colegas (Shina Peng, Arazi, Yuta Hayashi), e a autoridade do diretor (Shirô Sano). Para aumentar a fervura, junte-se música eletrônica, álcool, cigarros, protestos políticos, a xenofobia das instituições de ensino a jovens filhos de imigrantes e… um sistema interno de câmeras de vigilância, batizado em alusão ao panótico de Bentham, que pontua ou castiga cada ação dos alunos. Mais ou menos como acontece na China desde a segunda metade da década de 10 deste século. Segundo um relatório da IHS Markit Technology, aquele país tem uma rede de videomonitoramento em massa com cerca de 350 milhões de câmeras. Em pauta no filminho teen de Sora: a liberdade, a violação da privacidade, os direitos humanos e a cultura das mídias.

Mas tudo embalado ao gosto dos jovens fregueses.

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